A cárie dentária é um processo patológico de origem externa localizado nos dentes, que se manifesta apenas depois da sua erupção e que basicamente consiste no amolecimento progressivo dos tecidos duros de revestimento dos dentes, com uma posterior evolução para a formação de pequenas ulcerações ou mesmo cavidades.

É uma das doenças de maior prevalência nas sociedades industrializadas, sendo a ingestão frequente de hidratos de carbono (açucares) uma das grandes responsáveis.

Trata-se de uma doença da civilização, que resulta de excessos e não de carências e ao contrário da ideia generalizada, não é uma doença por carência de cálcio.

A cárie não afecta apenas a saúde oral, já que com alguma frequência compromete de modo indirecto órgãos e tecidos à distância, podendo ser responsável por infecções que envolvem o coração, os olhos, os rins, as articulações e os tendões dos atletas.

É significativa a associação da cárie a artrites, tendinites e outras doenças osteoarticulares nos atletas, que com frequência são refractárias ao seu tratamento.

É evidente que uma cavidade oral em bom estado não contribui para uma melhoria do desempenho desportivo do atleta, no entanto a mesma cavidade oral em mau estado, já poderá contribuir para que o mesmo desempenho não seja atingido.

A ETIOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA

O desenvolvimento da cárie é complexo e resulta fundamentalmente da inter-relação de três factores principais.

O primeiro destes reside no hospedeiro ou seja neste caso, no atleta. É caraterizado por uma evidente susceptibilidade individual para esta doença.

O segundo é a conhecida pelicula ou placa bacteriana que recobre a superfície externa dos dentes. Esta é basicamente resultante de restos alimentares e da microflora oral, que se encontram aderentes às superfícies dentárias e que de todo não são destacáveis por uma simples lavagem, como o habitual bochechar no fim de uma refeição.

O terceiro reside nos hidratos de carbono. Os efeitos nocivos dos açúcares não dependem tanto da sua quantidade (ao contrário de outras doenças), mas fundamentalmente da frequência da sua ingestão, pois são mais nocivos quando ingeridos nos intervalos das refeições ou então á noite, tendo em consideração a diminuição do fluxo salivar (importante mecanismo de defesa) durante estes períodos.

COMO PREVENIR A CÁRIE

Nenhum método de prevenção pode ser considerado eficaz se não for associado a uma rigorosa higiene oral. É assim determinante que desde cedo o atleta ganhe o hábito da escovagem dos seus dentes após qualquer refeição. Esta deve observar uma técnica correcta, recorrendo a uma escova macia e a dentífricos não abrasivos. Para a limpeza dos espaços interdentários o uso de fio dental é o adequado procedimento.

A racionalização no consumo de hidratos de carbono, sobretudo dos açúcares de uso corrente, não esquecendo a frequência e a duração do seu contacto com os dentes, são factores capitais para uma preservação da qualidade dos dentes.

A utilização combinada de fluoretos por via sistémica (oral) em gotas ou comprimidos, sobretudo nas crianças até aos 12 / 13 anos é uma excelente medida preventiva. A utilização tópica de flúor, associada ao dentífrico, a soluções ou em sais de uso oral, é uma outra medida à disposição dos jovens atletas. Para além disso e em alternativa, a utilização do fluor em tratamentos efectuados por um dentista, com duas aplicações por ano será o ideal para os jovens atletas. Em atletas com um elevado índice de cárie, três a quatro aplicações por ano será o protocolo de tratamento mais indicado.

Muito importante é a observação periódica da cavidade oral do atleta por um dentista, devendo esse procedimento efectuar-se sempre no inicio de cada época desportiva.

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