CONHECER PARA PREVENIR AS LESÕES NO TÉNIS
AS LESÕES NO TÉNIS
O Ténis é o desporto de raquete mais popular em Portugal. É uma modalidade desportiva que tem tido um franco crescimento nos últimos 20 anos no nosso país, em especial nos escalões etários mais jovens.
O elevado e contínuo nível de treino e de jogo para muitos praticantes, com alguma frequência pode dar origem a lesões de sobrecarga como o “cotovelo do tenista” ou muitas outras no punho, na mão, no joelho. No entanto para os menos competitivos ou para os que têm o ténis como uma segunda modalidade, a inadequada ou imprópria técnica física de treino é a causa principal para o estabelecimento de lesões de sobrecarga. Sendo certo serem as lesões de sobrecarga as mais frequentes e numerosas, também é certo as mesmas poderem ser evitadas e ou resolvidas com algumas mudanças técnicas nas rotinas de treino. QUAL O TIPO DE LESÃO MAIS COMUM NO TÉNIS?
Dois terços das lesões do ténis são resultantes de atitudes de sobrecarga a nível dos ombros, cotovelos, punhos, joelhos e pés e apenas um terço tem como causa uma situação traumática aguda e fortuita.
QUAIS SÃO AS LESÕES MAIS FREQUENTES NO TÉNIS?
A mais frequente e que compromete por vezes com bastante significado a função ao tenista, é sem dúvida a epicondilite, vulgarmente mais conhecida por “cotovelo do tenista”. É a paradigmática lesão de sobrecarga e resulta da solicitação excessiva e repetitiva na sua inserção óssea e no tempo, dos músculos extensores dos dedos e do punho, particularmente durante o batimento da bola na raquete. A prevenção desta lesão que com relativa facilidade pode evoluir para a cronicidade, deve fazer-se desde o inicio estipulando o tamanho do grip mais adequado ao atleta e complementarmente promovendo um programa diário de condicionamento e estiramento dos extensores. Em complemento a revisão regular da técnica de uso da raquete com o apoio do instrutor deve ser a regra.
As lesões de sobrecarga do ombro, normalmente resultam de um défice de condicionamento e da força dos músculos da coifa dos rotadores. A coifa permite o posicionamento correcto da articulação gleno-umeral durante o movimento. A sua fadiga ou a perda de força cria instabilidade e consequente irritabilidade dos tecidos, nomeadamente na bolsa sub-acromial ou no tendão, traduzindo-se este compromisso por defesa e dor, particularmente nos movimentos com amplitudes acima da cabeça, como durante o serviço. A prevenção pode fazer-se melhorando a tonicidade e a força muscular da coifa, com simples exercícios diários ou mesmo semanais a serem praticados com bandas elásticas.
Das lesões de sobrecarga no punho, a sinovite mecânica rádio-cárpica é bastante frequente e muito limitativa. Do mesmo modo a tenosinovite do extensor do polegar, a conhecida doença de DeQuervain e a tenosinovite dos flexores dos dedos. Nestas situações a sua prevenção tem por base uma regular preocupação de treino neuromuscular e adequado estiramento.
A fractura de fadiga é outra entidade patológica que compromete vinte por cento dos jovens tenistas amadores e sete por cento dos tenistas profissionais ou com desempenho semelhante. Na perna a tibia e o perónio e no pé o escafóide e os metatársicos, são os ossos mais envolvidos. A prevenção destas fracturas faz-se com um regular treino de ganho de força e flexibilidade de modo progressivo e intermitente, previamente à prática intensiva de um jogo ou até mesmo de um período de treino de ténis.
No joelho as lesões de sobrecarga que mais comprometem os jovens tenistas são a tendinose do rotuliano (joelho do saltador), a doença de Osgood-Schlater e a doença da cartilagem do compartimento femuro-rotuliano.
Os diferentes tipos de entorse no tornozelo, são das lesões agudas mais frequentes e sempre responsáveis por períodos mais ou menos prologados de incapacidade funcional. Muitas vezes complicam-se com lesões severas nos ligamentos e na cartilagem articular do astrágalo. As fracturas maleolares não são infrequentes assim como a fractura da base do 5º metatársico (Jones).
No joelho das lesões traumáticas agudas, a luxação e a fractura da rótula e ainda a rotura do ligamento cruzado anterior são as mais comuns.
COMO PODE O TREINADOR AJUDAR NA PREVENÇÃO DAS LESÕES NO TÉNIS?
A prevenção das lesões agudas deve centrar-se no respeito das normas gerais e das regras particulares da modalidade durante o jogo ou durante o treino, no aquecimento e bem assim no arrefecimento. Um programa regular de estiramento musculo-tendinoso em associação a um treino neuromuscular de exercícios físicos para os membros inferiores, pode reduzir com significado as entorses no tornozelo e a rotura do cruzado anterior. O taping ou o uso de ortóteses por indicação de um especialista, nos tenistas mais vulneráveis pode prevenir este tipo de lesões.
A prevenção das lesões de sobrecarga, para além do já expresso particularmente para cada uma delas, deve fundamentar-se na adaptação adequada do atleta á modalidade. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta, não só para conseguir um bom desempenho, mas também para prevenir as lesões mais frequentes. A prevenção destas lesões terá que apoiar-se num programa de treino adequado e no bom senso do atleta e do seu treinador no desenvolvimento do mesmo. A pressão deste no sentido do treino excessivo, terá que ser anulada.
Nesse sentido um treino equilibrado na morfologia do tenista e uma preparação física adequada, para uma melhoria do fortalecimento e desempenho musculares, da flexibilidade e da proprioceptividade, deverá centrar-se num compromisso regular. Para além disso o adequado balanço hidro-electrolítico, apoiado num programa estruturado de hidratação para os períodos de treino, de jogo e repouso, é relevante para ajudar a reduzir o risco de estabelecimento de lesões de sobrecarga.
Sempre que surgirem sinais de alarme sinalizadores de uma eventual lesão, a suspensão imediata da actividade deverá ser a norma e a avaliação por um especialista a regra.
© Stop às lesões no desporto 2011 |