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A DOR ANTERIOR NO JOELHO DO JOVEM ATLETA DE HOQUEI EM PATINS

 

dor anterior do joelho

O desconforto ou a dor na face anterior do joelho na adolescência de um atleta de hoquei em patins, em particular do sexo feminino, é uma das queixas que com mais frequência motivam a procura do especialista em lesões do desporto, por estes desportistas.

Várias patologias do joelho bem definidas, estão normalmente implicadas na origem desta queixa, no entanto e até muito frequentemente, nenhuma causa clara é encontrada.

Quando isso acontece e quando todas as patologias macroscópicas conhecidas já foram entretanto excluídas, então pode estabelecer-se um diagnóstico de dor anterior do joelho de natureza idiopática, ou seja, a causa deste sintoma é aparentemente desconhecida.

PROBLEMAS DE SOBRECARGA

As lesões músculo-esqueléticas de sobrecarga são muito frequentes. Surgem no joelho, quando aquelas estruturas do atleta adolescente ainda não estão convenientemente preparadas para as excessivas solicitações a que são sujeitas pelos treinadores, pelos pais e até pelos próprios atletas.

As lesões de sobrecarga no joelho resultam assim e fundamentalmente, de micro e macro traumatismos de repetição sobre os tendões, os músculos, os ligamentos, os ossos e a cartilagem.

A abordagem comum para o diagnóstico e para o tratamento das lesões de sobrecarga, inclui a identificação dos factores precipitantes, (o abuso da carga de treino é o mais comum), a modificação desses factores, o controlo sintomático que permita uma reabilitação funcional progressiva com retorno aos níveis de actividade completos e um programa regular e progressivo de manutenção, de modo a evitarem-se as recidivas ou as novas lesões.

DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER

É uma patologia muito frequente que surge habitualmente na pré-adolescência ou no início da adolescência, embora possa também surgir um pouco mais tarde nos rapazes. Compromete mais frequentemente os atletas do sexo masculino, precisamente pelo seu maior desenvolvimento muscular do quadricípete e de modo bilateral em 20 a 30% dos casos.

Esta doença resulta da solicitação por surtos, por enormes forças de tracção e de modo repetitivo sobre o ligamento rotuliano, na zona imatura da sua inserção na tuberosidade anterior da tibia. Estes mecanismos de agressiva tracção, causam na cartilagem de crescimento da tuberosidade, pequenas lesões de avulsão, que posteriormente são seguidas de uma tentativa de reparação óssea in situ.

O início dos sintomas surge durante uma fase rápida de crescimento, com dor e tumefacção na tuberosidade anterior da tíbia. As queixas são intermitentes e agravadas consistentemente pela actividade física, especialmente nas modalidades que envolvem o ajoelhar, o agachamento, o “pontapé” e o salto repetitivo. A doença é autolimitada (entre 1 a 2 anos) e tem uma evolução benigna.

Uma radiografia do joelho é essencial para a sua avaliação e diagnóstico, assim como e particularmente para excluir outras causas de dor, nomeadamente tumorais ou traumáticas. Habitualmente pode mostrar um aumento de volume da tuberosidade tibial e por vezes um aspecto fragmentado com arrancamentos ou calcificações heterotópicas.

DOENÇA DE SINDING-LARSEN-JOHANSSON 

É uma causa bem menos frequente de desconforto ou de dor anterior do joelho. É semelhante em muitos aspectos à Doença de Osgood-Schlatter sendo causada por forças de tracção repetitivas do tendão rotuliano no pólo distal da rótula.

É mais frequente em rapazes na pré-adolescência sendo as queixas relacionadas com a actividade física.

O exame clínico revela dor e defesa local de significado na palpação no pólo distal da rótula.
Uma radiografia pode mostrar calcificações ou ossificações na junção entre o tendão e a rótula, devendo ser feito o diagnóstico diferencial com uma fractura ou avulsão rotuliana.

Os sintomas álgicos desaparecem normalmente depois de 12 a 18 meses, com o avanço do processo de ossificação da rótula.

RÓTULA BI OU MULTIPARTIDA

É uma das causas menos frequentes de dor anterior do joelho, sendo muitas vezes resultante o seu diagnóstico, de um achado radiológico acidental.

No entanto o exame clínico de um joelho destes, com sintomatologia álgica, revela-nos quase sempre um aumento do diâmetro da rótula, por alargamento da mesma, dada a ausência de evolução para a fusão normal de um dos vários núcleos de ossificação. Aqui a mobilidade residual existente ao longo da cartilagem de crescimento, é a causa do desconforto ou da dor local à palpação, entre a junção do corpo da rótula e do fragmento restante.

Nestes casos é importante estabelecer-se o diagnóstico diferencial com as fracturas da rótula.

DOR ANTERIOR DO JOELHO DE NATUREZA IDIOPÁTICA

Se uma criança ou adolescente apresenta queixas de desconforto ou de dor anterior do joelho, esta considera-se de origem idiopática até que uma etiologia bem definida seja estabelecida. Todos os esforços devem ser feitos para excluir causas específicas que provoquem os sintomas, tais como alterações intra-articulares, instabilidade patelar, sobrecarga, mau alinhamento mecânico, dor referida (muitas vezes a causa de dor no joelho está relacionada com patologia da anca), tumores benignos ou malignos e infecção.

Os jovens atletas referem dor anterior generalizada, sem localização específica, sendo por vezes referido em associação um pseudobloqueio. Estas queixas são geralmente bilaterais, variando a sua intensidade de joelho para joelho.

Nesta situação o tratamento é sintomático, sendo a participação em actividades físicas ou desportivas, moderadamente encorajada. Um aspecto fundamental no acompanhamento destes atletas, passa por assegurar ao adolescente e aos seus pais que a sintomatologia é benigna e autolimitada.

COMO SE PODE PREVENIR A DOR ANTERIOR NO JOELHO

Quanto à prevenção das lesões em causa, esta deve fundamentar-se sempre na adequada adaptação do jovem atleta á sua modalidade e ou à sua posição na equipa. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta. Para além disso e definitivamente, a prevenção deve apoiar-se num programa de treino bem estruturado para cada atleta, com particular atenção ao seu morfotipo, á sua idade, ao seu peso, e no bom senso deste e do seu treinador no desenvolvimento do mesmo.

Um treino “inteligente”, desenhado para uma melhoria do fortalecimento e do desempenho musculares, da flexibilidade e da proprioceptividade, deverá centrar-se num compromisso diário para estes jovens desportistas.

O chamado aquecimento e bem assim o arrefecimento, respectivamente antes e depois da actividade física, terá que ser sempre respeitado.

Por vezes é muito importante e consensual, que o atleta criança ou adolescente “pare” durante algumas semanas por ano, para ”descansar” os joelhos e aprender a conhecer o seu corpo em geral, de modo a não ter a tentação de ultrapassar as suas capacidades morfo-funcionais.

Em complemento é relevante manter um adequado balanço hidro-electrolítico, mediante um programa estruturado de hidratação para os períodos de treino, de prova e repouso, de modo a minimizar o estabelecimento de lesões de sobrecarga, especialmente na cartilagem.

Sempre que surgirem sinais de alarme de uma eventual lesão, sendo a dor um deles, a suspensão imediata da actividade desportiva deverá ser a norma e a avaliação oportuna por um especialista em patologia do desporto, a regra.

2012 © Stop às lesões no desporto

 “ O diagnóstico precoce de uma lesão de sobrecarga no desporto é determinante para uma recuperação de sucesso “ (Francisco Santos Silva)

 

MOVIMENTO DE PREVENÇÃO DAS LESÕES TRAUMÁTICAS E DE SOBRECARGA, NOS JOVENS ATLETAS